domingo, 29 de maio de 2011

Da arte de sorrir

Dia desses me surpreendi com um punhado de desenhos a giz, dentro da bolsa. Maricota tá tão crescida, mas ainda não perdeu o gosto pelos desenhos e a arte de fazer a gente sorrir. Num trabalho de estresse total, às duas da tarde, de um dia corrido, ela me põe sua delicadeza na bolsa e sai de fininho, só pra me lembrar que eu a amo e que sem ela, meus dias não teriam a menor graça.
Ela é simplismente assim, grande no que faz. Bota um sol bem no meio do teu domingo. Faz passarinhos e elefantes surgirem assim, do nada, só pra alegrar uma conversa de adultos. Faz mágicos tirarem da cartola um punhado de sorrisos antigos e sair distribuindo por aí. Porque o que ela gosta mesmo é de rir. Ri alto com gosto e bom som. Ri de tudo, até do que não tem graça, e é desse jeitinho que ela vai sendo bem feliz.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Sobre anjos

Maricota se encantou, outro dia, com um anjinho que apareceu lá no Sítio do Pica Pau Amarelo. Dizia ela que queria um, mas nada que fosse de porcelana. Ela queria é anjo de verdade, com asas e tudo. E eu lhe contei que anjo já nasce com a gente, não pode ser comprado. Ele vive sentado bem no ombro esquerdo das pessoas pra indicar a direção. E sopra gracejos no ouvido que é pra gente nunca desaprender o riso.

PS: Ela até que entendeu tudinho
e sorriu bonito!

sábado, 3 de abril de 2010

Das importâncias

Porque ela é assim, toda ternura
e ri muitas vezes sozinha

Cata as tristezas esparramadas no tapete da sala e as devolve ao céu, em forma de estrelas. Ela pisca e vê uma estrela. Ela pisca e vê um vaso de flores. Cada piscada é uma flagrada de um universo bonito. Porque ela sabe é por beleza nas coisas.


PS: Ei, psiu, estarei sempre contigo,
bem dentro, bem forte!

Das dúvidas

- Por que é que algumas pessoas morrem?
Perguntou-me aquela mesma menininha que entende
de estrelas. Mas nem esperou resposta.
-Ah, já sei! Deve ser que Papai do Céu só leva aquelas
pessoas que não tem mais nada pra fazer, né?
-É mais ou menos isso.
-E eu não quero que você morre. Promete pra mim que
você não morre?
-Prometo.
-Arruma coisa pra fazer.
E eu fiquei entendida do assunto.

A entendedora de estrelas

Ontem, eu e a Maricota estávamos sentadas em frente de casa, cantando uma canção muito antiga e rabiscando a calçada, quando olho pro céu, e vejo um satélite passando. Ela também vê e fala: essa é uma estrela corredora, com certeza, tá apostando corrida com outras estrelas, só pra ver quem chega do outro lado do mundo primeiro. Elas gostam de fazer graça e de se exibirem.
E eu perguntei: Mas pra quem elas estão se exibindo?
A resposta veio rápida: Pra São Jorge que tá lá na lua. Você não tá vendo, não?

Quem sou eu pra discordar?

Das alegrias

Tem uma estrelinha que mora comigo. Todas as manhãs, me faz ver o mundo de um jeito mágico e rir das coisas mais bobas.
Antes de dormir, conta-me histórias de príncipes e sapos. Acredita no país das fadas e me leva pela mão.

Dos aprendizados

Maricota queria de qualquer jeito apanhar uma estrela. Sonhava em guardá-la num daqueles potinhos onde se guardam doces. Passava noites inteiras planejando armadilhas próprias para estrelas cadentes.
Uma vez, construiu um alçapão. E toda noite, ficava de vigia, esperando uma estrela que passa em frente à sua janela. Mas ela não passava nunca. Até que adormeceu.
Então, quando acordou, viu uma coisa pequena dentro do alçapão. Ela foi chegando mais perto e mais perto e viu que a coisa não brilhava mais, parecia até sem cor. E viu que aquilo ali era uma estrela triste.
Quando, finalmente, pôde tê-la nas mãos, decidiu soltá-la de volta no céu. Maricota entendeu que algumas coisas devem ser contempladas de longe. Assim, parecem até mais bonitas e radiantes. Porque são livres.